Acidentes de Trabalho no Brasil: Um Panorama Preocupante



Os acidentes de trabalho representam um desafio contínuo para a saúde e segurança dos trabalhadores no Brasil. A análise dos dados mais recentes revela um cenário que exige atenção e ações preventivas eficazes. Este post aprofunda os números e as tendências dos acidentes de trabalho no país, com base em informações de fontes oficiais e especializadas.


Dados Gerais e Evolução Recente

O Brasil tem registrado um volume significativo de acidentes de trabalho anualmente. Os dados compilados de diversas fontes indicam uma tendência de aumento no número de ocorrências, embora com variações nos óbitos e afastamentos.
Em 2022, foram notificadas aproximadamente 612,9 mil acidentes de trabalho, com 2.538 óbitos. Em comparação com 2021, houve um aumento total de 11,6% nos acidentes, e os óbitos subiram 4,6% [1].
O Anuário Estatístico da Previdência Social (AEPS) de 2023 indicou 732.751 acidentes totais, dos quais 651.476 tinham Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) registrada. O total de acidentes aumentou em 11,8% em 2023 em relação a 2022 (de 654.908 para 732.751), enquanto os óbitos caíram 3,7% (de 2.891 para 2.783) [1].
Em 2024, o Brasil registrou 724.228 acidentes de trabalho [2]. Desses, 74,3% foram acidentes típicos, 24,6% acidentes de trajeto e apenas 1% referem-se a doenças ocupacionais [2].

Afastamentos e Setores Mais Afetados

A maioria dos acidentes de trabalho resulta em afastamentos de curta duração. Em 2024, 61,07% dos casos geraram afastamento de até 15 dias, 27,01% não geraram afastamento, e 11,91% resultaram em afastamentos superiores a 15 dias [2].
Os setores com maior incidência de acidentes incluem infraestrutura, indústria, saúde, transporte e comércio [1, 2]. Especificamente, os dez principais Códigos Nacionais de Atividade Econômica (CNAEs) com o maior número de registros de acidentes de trabalho incluem atividades ligadas à indústria, obras de infraestrutura, atendimento hospitalar e comércio. Essas mesmas áreas também lideram os casos de afastamentos prolongados e de óbitos [2].
As atividades com maior número de acidentes em 2024 foram: transporte rodoviário de carga (6.957 casos ou 4,12%); comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios/hipermercados e supermercados (6.172 ocorrências ou 3,66%); atendimento hospitalar (5.780 casos ou 3,43%); construção de edifícios (5.438 acidentes ou 3,22%) e administração pública em geral (2,83%) [3].

Impacto na Saúde Mental e Partes do Corpo Afetadas

Um aspecto crescente e preocupante é o impacto dos acidentes de trabalho na saúde mental dos trabalhadores. O aumento dos casos de afastamentos por problemas de saúde mental foi de 134% nos últimos dois anos, passando de 201 mil registros em 2022 para 472 mil em 2024 [3]. Entre os casos, destacam-se afastamentos acidentários por reações ao estresse (28,6%), ansiedade (27,4%), episódios depressivos (25,1%) e depressão recorrente (8,46%) [3].
Quanto às partes do corpo mais afetadas, as mãos, os braços e as pernas estão entre as mais atingidas [2]. Os casos de afastamentos acidentários mais frequentes ocorreram por: dorsalgia ou dor em qualquer parte da coluna (8.754); lesões no ombro (7.494); outras causas (6.203); transtornos ansiosos e fóbicos (4.098) e mononeuropatias (2.878) [3].

Custos e Prevenção

Os acidentes de trabalho geram custos significativos para o país. Em 2024, os gastos com auxílio-doença por acidente de trabalho (B91) foram de R$ 354,7 milhões. As aposentadorias por invalidez (B92) custaram R$ 97,9 milhões ao país. As pensões por morte (B93) custaram R$ 8,4 milhões, e os auxílios-acidente (B94) foram concedidos na ordem de R$ 453,4 milhões [3].
O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por meio da Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), atua com rigor na fiscalização, desenvolve ferramentas modernas de prevenção, capacita auditores-fiscais e orienta a sociedade sobre práticas seguras. O objetivo é construir uma cultura de prevenção que promova ambientes mais seguros, melhore a qualidade de vida no trabalho e contribua para uma sociedade mais justa e igualitária [2].
Campanhas como a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho (CANPAT) e o Abril Verde são iniciativas importantes para conscientizar sobre a importância da saúde e segurança no trabalho [2, 3].

Conclusão

Os dados sobre acidentes de trabalho no Brasil reforçam a necessidade contínua de investimentos em prevenção, fiscalização e conscientização. A redução desses índices não apenas protege a vida e a saúde dos trabalhadores, mas também contribui para a produtividade e o desenvolvimento econômico do país. A colaboração entre governo, empresas e trabalhadores é fundamental para construir um ambiente de trabalho mais seguro e saudável para todos.

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